segunda-feira, 27 de junho de 2011

Mentiras sinceras podem ser necessárias....

 
'Que tola!' , pensei, irritado com a acolhida glacial que ela me fizera. Achava uma espécie de áspera satisfação em comprovar sua completa incompreensão de Maeterlinck. “E é por uma mulher dessas que todas as manhãs faço tantos quilômetros! Sou até bom demais! Agora sou eu que não quero saber dela.” Tais as palavras que eu dizia; eram o contrário do meu pensamento; eram puras palavras de conversação, como as dizemos nesses momentos em que, muito agitados para ficar a sós conosco mesmos, sentimos necessidade, na falta de outro interlocutor, de conversar conosco, sem sinceridade, como um estranho. 
In.: O Caminho de Guermantes - Marcel Proust

2 comentários:

Cuidado leitor, ao voltar a página! Aqui dissipa-se o mundo visionário e platônico!