O que fazer quando
você não é aquele que parte, mas o que permanece?
Não canso de me perguntar isso... 2 anos, 8 meses e 4 dias é
tempo suficiente para que a dor cesse? Bem, houve um tempo em que eu rezei a
todos os deuses, de céu e mar, para que fosse, mas não é.
Ouço aquela tola canção, que entre suaves acordes diz que ‘a
tua ausência me causou o caos’, e isso me faz sorrir. Faz sentir que alguém no
mundo pode compreender o que me aconteceu sem você... Em vida você me desestruturava,
me deixava em um eterno misto de amor&ódio, e agora, que já não pode mais
me desequilibrar com sua presença, você me transformou em um caos, uma
caricatura de mim mesma.
Sinto falta do que eu era antes de você partir. Sinto falta
da minha fé inabalável, da minha esperança inquebrantável, do meu gosto
refinado, do meu humor sadio, dos meus contos de fada, da minha vida menos
amarga.
Eu só queria poder ligar para aquele número, o teu número de
celular que nunca apaguei da minha agenda, e dizer como a tua ausência vem me
destruindo dia após dia. Para os outros você é uma lembrança, um sopro de vida
que passou, mas para mim é uma ferida aberta, que insiste em não cicatrizar.
Vem, quero tua dança, tua risada rouca, teu cheiro de
cigarro e whisky em um fim de tarde qualquer. Quero teu ser vivo, em conjunto
com o meu.
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