Ma,
Hoje, depois de tantos desencontros, estou pronta pra
seguir. Nestes últimos anos, senti falta do que nunca existiu. Ou melhor,
existiu sim, em um espaço paralelo entre o meu abraço e o teu.
Dos teus ensinamentos, sigo o imperativo: se é pra caminhar, que seja
fazendo aquilo que se deseja, amarrando tudo em sonhos de alma bonita – pra não
faltar amor. E veja só, hoje tem gente me mostrando que não estou sozinha... Gente
que mais parece saída de um musical. Gente de olhos cheios e sorrisos largos, me
acompanhando pela estrada de tijolos amarelos. Gente que sem saber, diz no olhar que a vida é assim mesmo: desarruma hoje, pra arrumar
amanhã, e voltar a bagunçar no-estante-agora-sempre-e-mais.
Calma, mãe... Não vai embora ainda. Deixa te contar que feito
navegante que passou a estação em alto mar, finalmente voltei à terra firme.
Não me adaptei... Ainda estou desfazendo a bagagem, contemplando no espelho as
marcas que o tempo deixou no meu corpo. Estou me esculpindo, reconhecendo no
barro uma mulher fragmentada e dotada dos mais gentis anseios. Estou me descobrindo para além de você.
A saudade ainda dói. Dói bonito, apertadinho. Dói com gosto de sorriso. É dor do que foi bom, concluo. E agora vejo que a nossa distância se tornou tão curta, porque finalmente compreendo que você foi sábia o suficiente para amar sem pesar na presença... Coisa de gente marota, que sorri de lado, feito quem muito aprendeu e sabe que vida da gente tem que ser vivida com as melhores cores e figuras, de um jeitinho só nosso.
Pois veja, eu que sempre amei suas chegadas, os seus retornos, faz tempo que desejava te ver entrar pelo velho portão sem cadeado, caminhando como quem não sabe ao certo aonde quer chegar, e junto contigo, sentar no passeio rachado pelas ervas daninhas, contando todas as belezas do meu dia. As minhas brigas com Deus, a minha falta de atenção, as meninas, os livros, as aulas, o trabalho... As coisas que acontecem enquanto não acontece nada. Vem mãe, fica pra sempre aqui do lado de dentro, para vermos juntas a banda passar - falando coisas...
A saudade ainda dói. Dói bonito, apertadinho. Dói com gosto de sorriso. É dor do que foi bom, concluo. E agora vejo que a nossa distância se tornou tão curta, porque finalmente compreendo que você foi sábia o suficiente para amar sem pesar na presença... Coisa de gente marota, que sorri de lado, feito quem muito aprendeu e sabe que vida da gente tem que ser vivida com as melhores cores e figuras, de um jeitinho só nosso.
Pois veja, eu que sempre amei suas chegadas, os seus retornos, faz tempo que desejava te ver entrar pelo velho portão sem cadeado, caminhando como quem não sabe ao certo aonde quer chegar, e junto contigo, sentar no passeio rachado pelas ervas daninhas, contando todas as belezas do meu dia. As minhas brigas com Deus, a minha falta de atenção, as meninas, os livros, as aulas, o trabalho... As coisas que acontecem enquanto não acontece nada. Vem mãe, fica pra sempre aqui do lado de dentro, para vermos juntas a banda passar - falando coisas...